sábado, dezembro 04, 2010

Do Mestre SARAMAGO


Essa coisa estranha, rara e misteriosa

Por Fundação José Saramago
Se olharmos as coisas de perto, na melhor das hipóteses chegaremos à conclusão de que as palavras tentam dizer o que pensámos ou sentimos, mas há motivos para suspeitar que, por muito que procurem, não chegarão nunca a enunciar essa essa coisa estranha, rara e misteriosa que é um sentimento.
“Las palabras ocultan la incapacidad de sentir”, ABC (Suplemento ABC Literario), Madrid, 9 de Agosto de 1996
In José Saramago nas Suas Palavras

quinta-feira, novembro 18, 2010

NA ESTAÇÃO DE TRENS


Na sexta-feira, logo após o almoço, Karl Zander foi para a estação de trens.
O operador do telégrafo, um senhor calvo, baixo e gordo, confirmou que o trem  aguardado chegaria no horário previsto.
Zander consultou o relógio de bolso, herança que recebera de seu pai, e verificou que faltava menos de uma hora para o trem chegar.
         Naquela tarde, chuvisqueiro e neblina tomaram conta da cidade. A umidade do ar provocava certo desconforto. Era o inverno se manifestando.
Zander acomodou-se numa das mesas da casa de café e pediu um cortado duplo. Da mesa onde ele estava poderia observar a chegada da composição. Vez por outra tinha que passar o guardanapo no vidro para desembaçá-lo.
     
          “Karl olhava para fora através da janela que abria para o sul. Foi de lá que o trem partiu. Pequenas gotas se formavam e escorriam por causa da chuva que agora caia. Seu olhar foi se perdendo. Acompanhava as gotas escorrendo pelo vidro e, como num filme, viu sua mãe pregando um botão na camisa do pai. Ela parecia pensativa sentada ao lado do fogão aquecendo-se. Era hora do jantar. A mesa estava posta com seis pratos e talheres e o cheiro de carne assada e a fumaça do fogão a lenha estavam tão presentes que Zander sentiu um arrepio.
          - Muti? E o pai? Não vai chegar? - Karl viu-se menino conversando com sua mãe, enquanto brincava com um caminhão de madeira feito pelo avô."

          Karl foi tomado por forte nostalgia. Sentiu vontade de chorar. As lágrimas correram pelo rosto; deixou que escorressem até se esgotarem.

sábado, outubro 30, 2010

Na dúvida



Como é difícil a prática do autoconhecimento. Quanto mais procuramos nos entender mais longe ficamos de nós mesmos.
A relatividade, a comparação com os outros humanos, surge, às vezes, como um fantasma que nos martiriza e nos ataca e, em outras, como um ídolo, um guru que nos diz como fazer e ser.
Na dúvida buscamos respostas nos divãs, nas religiões, nas drogas e não encontramos.
Somos um personagem que passa a vida a representar vários papéis; somos mutantes; somos como o camaleão.

sexta-feira, outubro 01, 2010

O DEUS SOL



           Luis fazia um balanço da vida.
           Nada lhe faltara até agora. Relacionou-se e deitou-se com belas mulheres, o dinheiro sempre foi consequência natural e fruto de seu trabalho, tem dois filhos maravilhosos, tem seus carros, imóveis e saúde.
          " A quem agradecer se nunca pensei em Deus? Não posso ser hipócrita e querer me ajoelhar e rezar! Não sei rezar!"
           O sol começou a aparecer na linha do horizonte. As cores atingiam matizes maravilhosos e suaves. A brisa da manhã lambia o rosto de Luis que inspirava todo ar que conseguia.
Tonto de tanto oxigênio fechou os olhos por segundos e sentiu-se dentro da barriga de sua mãe, protegido, abrigado, amado, desejado.
"Visitarei minha mãe. Tem dois meses que não falo com ela. Será que está bem? E a saúde? Sou um péssimo filho! Talvez esteja precisando de mim!"
          Com os olhos fechados sentiu a claridade do sol nas pálpebras. Abriu-as vagarosamente e lá estava Ele – vigoroso, intenso, poderoso!
          "Obrigado, Sol! Pela vida!"

domingo, julho 04, 2010

NA PRAÇA


Teve que sentar. As pernas pediam um tempo de descanso. A dor no joelho, cada vez mais frequente, trouxe a bengala que o acompanhava nas caminhadas que ele insistia em fazer. 
O Domingo era importante para Udo, descendente de alemães nascidos em Baumschneiz, no interior de um município na serra gaúcha. Assim ele ainda se referia a Dois Irmãos, sede daquela municipalidade.
Jovem ainda mudou-se para cidade próxima, Novo Hamburgo, onde trabalhou como sapateiro até se aposentar.
Sentado no banco da praça, rodeado por árvores e pombos, Udo, apoiado na bengala, 85 anos, impecavelmente vestido, cabelos alinhados e olhar perdido aproveitava o descanso para chafurdar a própria memória, resgatando os tempos de família reunida, festas, filhos, a fábrica, o trem, as alegrias e as tristezas.
Hoje só! 

Viúvo há tempo, os filhos distantes e todos tratando de juntar dinheiro; Udo os orientara a viver para trabalhar, ganhar dinheiro e guardar, pois a vida era guerra e só os poderosos sobreviveriam.
O velho curvado não se deixaria abater por aquelas lembranças. Havia se preparado para aqueles dias de fim de vida. Mas hoje se sentia diferente, saudoso de quase todos.
Ah, a dor! 
Ela passaria e depois voltaria com as lembranças. 

sexta-feira, junho 18, 2010

JOSÉ SARAMAGO

Em homenagem ao escritor José Saramago, falecido aos 87 anos, reproduzo abaixo texto publicado no seu blog "Caderno de Saramago" http://caderno.josesaramago.org/


Pensar, pensar

Por Fundação José Saramago

Acho que na sociedade actual nos falta filosofia. Filosofia como espaço, lugar, método de refexão, que pode não ter um objectivo determinado, como a ciência, que avança para satisfazer objectivos. Falta-nos reflexão, pensar, precisamos do trabalho de pensar, e parece-me que, sem ideias, nao vamos a parte nenhuma.

Revista do Expresso, Portugal (entrevista), 11 de Outubro de 2008

domingo, maio 30, 2010

QUANTAS...


Quantas conversas e silêncios; quantos beijos e abraços; quantas histórias acontecidas e guardadas pelo tempo...

segunda-feira, maio 24, 2010

CARTA DAQUELE LUGAR


"O lugar é indescritível; parece existir uma energia positiva que brota do chão.
As folhas possuem tonalidades de verde, para mim desconhecidas. Há espécies de flores e de pequenos insetos que, provavelmente, não são catalogados.
O crepúsculo é o momento mais deslumbrante; matizes de laranja e vermelho se misturam ao azul escuro e feixes de nuvens mudam de forma parecendo flocos de algodão!
O ar que respiro é leve e tem o cheiro da terra e do sol.
Agora que já é noite, o céu está totalmente estrelado e o silêncio é quebrado pelo uivo de cachorros selvagens e o piar das perdizes.
Sinto-me um ser privilegiado."

sábado, maio 08, 2010

A LUA ERA AZUL


Quarto escuro, vento sul

A chuva fina me abateu
A lua era azul
Que a nuvem negra escondeu
Fico esperando
Que o tempo mude de uma vez


Fecho os olhos em você
Tenho sonhos geniais
Navegando em mares
Sol brilhando em céu azul
Fico esperando
Que a chuva acabe de uma vez

quinta-feira, maio 06, 2010

ESCRITO ENTRE AS NUVENS...


Eu quero ver seu nome
Escrito entre as nuvens do céu
Esquecer o frio do inverno
Eu quero o sol e você, doce mel

Diga que você me quer
Desse mesmo jeito que sou
Só quero ter você pertinho de mim
Vem comigo pra onde eu vou

Lá, não tem hora pra dormir
Pra comer o almoço, o jantar
A noite é feita pra curtir
O tempo não parece passar

quinta-feira, abril 15, 2010

LUIS e o SOL


                   Luis e o Sol conversavam sobre a vida. Enquanto Luis falava, o Sol ouvia sabiamente. Não julgava; simplesmente ouvia.
Luis contou sobre a noite de amor que tivera com Carine.
Ela, então, apareceu no deck, vestida para o trabalho.
                   Bom dia, Luis! Você não dormiu?
                   Não consegui dormir, disse ele.
Ele falou que só iria para a Clínica depois. Tinha duas cirurgias marcadas no hospital à tarde e, se ela não se importasse, ele ficaria mais um tempo aproveitando o sol.
                   Claro! Fique por aí enquanto quiser. No refrigerador tem suco, frios e salada de frutas.
Beijou-o e saiu.
                   É uma bela mulher, disse ele ao Sol...

domingo, abril 04, 2010

FAZIA FRIO

Noite de Domingo. Eu caminhava pelo Centro da cidade. Os sacos de lixo, em frente ao prédio velho, estavam revirados. Restos de comida apodrecida, caixas de papelão e jornais, ali, encharcados pela fina chuva que lavara as ruas e calçadas esburacadas por onde circulavam alguns homens e mulheres. Fazia frio e por isso fechei o primeiro botão da japona, perto do peito. Tossi, escarrei. Doía por dentro da carne. Pensei que eu deveria procurar um médico. Tive que tossir. Tinha febre. Um café! Entrei num boteco. Embriagados se esfregavam nas prostitutas encostadas em mesas de plástico vermelho; ouviam pagode; bebiam cerveja. O cheiro de álcool, cigarro e fritura me enjoaram; quase vomitei. Quando levantei os olhos, depois de ter me contorcido de ardência, vi um negro e uma vagabunda se beijando. Estavam atrás do balcão. Nada discretos e bêbados. Esqueci do café; comprei um maço de cigarros. Eu não fumava há um mês. Um vira-lata me fez companhia. Uma criança tentava dormir na soleira da loja tendo um papelão como cama; o saco plástico, como cobertor. Ela chorava, tinha fome. Voltei ao bar e com pastel e leite alimentei a pequena. Pranteei com ela. Diabos! Segui em frente... A chuva apertou e molhou ainda mais o asfalto que refletia as luzes da noite fria. Parei na esquina. O vento soprava mais frio que há pouco. Um táxi estacionou e dele desceu um travesti. Sorriu para mim. Malicioso! Atravessou a avenida. Ele cambaleava. O cigarro queimou no canto da minha boca. Puxei a fumaça sem tirá-lo dos lábios. Lábios... Lábios molhados. Traiu-me. Deitou-se com outra, a sua amiga. Felonia? Depois deu pro Beto; e pro Piti, deu no chuveiro. Vagabunda! Sei de tudo! Contaram-me! Eu sei! Eu corno! “Eles passarão... Eu, passarinho”. Sob a marquise me protegi porque a chuva apertou. Elas, as pessoas, cruzavam por mim sem me notar, ou se faziam. De certo tinham medo porque, talvez, eu viesse a agredi-las, assaltá-las, estuprá-las. Fazia frio! Muito frio!

sábado, abril 03, 2010

ESCRITA GRUNGE


Em pleno “aperfeiçoamento” da escrita grunge surge a unificação da língua portuguesa. Não vai dar certo!
A escrita grunge é, na verdade, a evolução natural da escrita fonética que já teve seus anos de glória e foi cedendo lugar por conta das novas formas de comunicação escrita, oral e visual.
Visual porque não é raro vermos imagens pequenas no canto do vídeo mostrando alguém traduzindo a fala do apresentador através da linguagem dos sinais, fato que atraiu boa quantidade de novos assistentes.
A comunicação oral - quer expressando-nos para uma platéia, quer contando uma vantagem na mesa do bar, não é tarefa fácil para muitas pessoas, mas ainda é a forma mais direta de comunicação e não exige muitos cuidados porque errar, neste caso, fica por conta do improviso do momento.
Mas, escrever é o problema!
Com a chegada da internet a comunicação adotou nova medida de velocidade e tempo, ou seja: megabaites – na ultrapassada escrita fonética, ou mb – na escrita grunge.
Você é vc; porque é pq; espera aí é peraí.
Estamos nos habituando à escrita grunge por causa da necessidade de estabelecermos uma comunicação veloz e com duas ou três pessoas ao mesmo tempo.
E nos entendemos perfeitamente!
Resumindo: a unificação da língua portuguesa servirá como incentivo ao pleno desenvolvimento da escrita grunge, pois ortografia e gramática estão sendo abandonadas pelos estudantes que escrevem, não em cadernos pautados, mas através de infovias e inforedes.
Bom será para editoras e gráficas...
E os professores de português continuarão ganhando a mesma merreca.
Pelo menos, o português do Brasil é a matriz.
Té +...


sexta-feira, abril 02, 2010

“A inspiração vem com o vento” (Érico Veríssimo)


Quando me perguntam de onde vem inspiração para criar um projeto de arquitetura, o design de uma cadeira ou como vem idéia da imagem deformada de um objeto na arte digital ou ainda como surgem os primeiros acordes de uma música, eu me lembro da explicação que o escritor gaúcho, Érico Veríssimo, encontrou para justificar de onde vinha tanta inspiração para os seus maravilhosos textos.
O fato é que, quando decidi aventurar-me na arte de escrever, deparei com uma folha em branco  como em tantas outras vezes me encontrei ao iniciar um desenho de um edifício, por exemplo.
Aceitei o desafio daquela folha vazia, e descobri um enorme prazer em escrever, dialogar, imaginar, descrever e interagir com personagens bons, maus, poderosos, insensíveis, velhos, moços, etc...
 Eu viajo, vejo ilhas, praias, sol, chuva, cenas e cenários que provocam minha imaginação durante horas.
É uma experiência singular e deliciosa.
É como quando se lê um livro estando dentro dele.

terça-feira, março 30, 2010

A CAPELA

A área onde Abzuk instalara o Laboratório de Pesquisas fazia parte de um riquíssimo sitio arqueológico. 
Na região foram encontrados vestígios da passagem de uma civilização com hábitos medievais. Durante as obras do pavilhão dos fornos crematórios existentes, no lado oeste do grande terreno, os operários depararam com ruínas do que teria sido uma igreja ou uma capela. 
Abzuk mandou que buscassem um dos melhores arqueólogos para desvendar o mistério. Depois de dois anos de intensa pesquisa o arqueólogo australiano Benn Ashes e sua equipe chegou à conclusão de que não se tratava de uma civilização medieval, mas de um povo que viveu naquela região há, aproximadamente, cinco séculos, e que cultivara hábitos e costumes da Idade Média. 
A área foi isolada e Benn Ashes descobriu que a língua falada por aquela gente era um dialeto grego.
Castiçais, pratarias, cálices, sacrários, tiaras, anéis, báculos cravejados e apetrechos utilizados no preparo de alimentos deixavam claras as relações com aquela cultura milenar. Porém, uma peça ricamente decorada com pedras preciosas, toda em ouro, foi entregue a Abzuk. Tratava-se de um cibório. 
Após o mapeamento do prédio soube-se que era constituído de um grande salão central onde, no piso, tinha estampado o desenho de uma enorme estrela com sete pontas; o chão era de pedras de basalto cinza e preto com formato regular e a estrela fora executada com pedras de mármore branco, talvez da região de Carrara. Na extremidade de cada ponta tinha um pequeno círculo colorido. Cada um deles era de uma cor que iam do azul, ouro, rosa, branco, verde, vermelho-rubi e violeta. O teto teria sido de vidro colorido e com desenhos com temas medievais, compostos de peças irregulares que formariam um desenho e fixados com encaixes de chumbo. A forma da abóbada abatida indicava que ali fora um templo de contemplação e rezas. O salão era quadrado. Numa das paredes havia uma porta; nas demais os pesquisadores encontraram duas portas em cada uma das três paredes restantes. Observando com cuidado Benn Ashes constatou que cada ponta da estrela de mármore apontava para uma das portas. As portas davam acesso a salões menores que seriam, talvez, dependências de serviços, de leitura e reuniões, refeições e repouso. 
As paredes foram pintadas com as cores correspondentes às encontradas nas sete pontas da estrela. A tinta estava em péssimo estado. A porta isolada, a única dupla e alta, ligava a um salão também de forma quadrada onde, no centro, existia uma mesa de mármore branco. Não havia janelas; somente furos nas paredes que Benn Ashes e sua equipe constataram servirem para ventilação. O local fora utilizado como uma câmara mortuária. 
Mais uma vez, em cada uma das paredes havia uma porta. Ao ingressar nas respectivas dependências, o arqueólogo encontrou ossadas amontoadas de seres humanos adultos e crianças. 
Nas paredes, as inscrições feitas com algum objeto de ponta, talvez pedra de basalto, exibiam desenhos de soldados atacando pessoas com espadas e montando cavalos. Outros desenhos foram vinculados à cultura fenícia do século VII. Por todos os cantos apareciam referências ao alfabeto de 23 letras. 
Abzuk providenciou a recuperação e limpeza do local. O prédio passou a ser um tipo de prisão. Quando um de seus adversários ou inimigos precisava de um “corretivo”, como ele dizia, era encaminhado à Capela. Ali poderiam permanecer pelo tempo necessário até que Abzuk definisse se deveriam ser mortos. 
A mesa de mármore servia para que os prisioneiros inimigos enfrentassem sessões de torturas. Inicialmente ficavam deitados, completamente imobilizados, por uma semana, amarrados com correntes presas a ganchos encravados no piso. Sobre o rosto, afastado por dois metros, fora instalado um refletor potente, cujo foco era direcionado a face do preso até cegá-lo. Sofriam choques elétricos e, se fossem mulheres, eram estupradas durante o período por vários homens. Dessas orgias, Abzuk era o primeiro a abusar. A única regra era que a mulher fosse jovem. Não fazia diferença se de cor branca ou negra. 
Primeiro ela era trancada em uma das celas, solitária e nua o tempo todo. No interior tinha uma cama e um banheiro. O número de dias de abusos se estenderia pelo tempo que Abzuk achasse necessário. Mais adiante a jovem era deitada na mesa de mármore para que os outros procedessem os estupros; ela teria o mesmo destino dos outros presos: a morte.

Trecho extraído do conto "OS 7 CIBÓRIOS" - Capítulo: A Capela
Autor: George Arrienti - Ano: 2008

quarta-feira, março 17, 2010

A VELHICE DO VICTOR

O corpo curvado pelo tempo parecia anunciar que já seria a hora de parar.
A história de Victor, um descendente de colonos alemães, conta que ele foi professor de Educação Física.
Talvez tenha 85 anos. Logo lembrarei para contar.
Estive ontem conversando com ele como faço sempre.

Nem toda a história de Victor é conhecida. Alguns capítulos se perderam.
Coisas que aconteceram  há cinco ou seis dias, há trinta dias, ele não consegue lembrar.
Mas ontem ele lembrou do dia em que venceu a competição de atletismo, quando tinha 22 anos, no clube da capital. Victor defendia as cores do clube de sua cidade. O uniforme era vermelho e o brasão bordado na camiseta era branco e amarelo.

Ele fica ali, sentado, sozinho e olhando para o chão. Ontem,  a mão tremia segurando a bengala de madeira, herança de seu avô. Tremeria mais se não tomasse o remédio indicado pelo médico.
Eu sempre tomo  cuidado de lembrá-lo.

Lúcido!

Conversamos sempre sobre muitas coisas. Lembramos daquilo que conseguimos recuperar com a ajuda da nossa memória e, pinçando um detalhe aqui e ali, temos boas histórias para contar. Quando não nos lembramos das coisas, nos resta rir.

Ontem Victor reclamou da dor no braço, o mesmo que ele já havia quebrado naquele jogo de basquete, há 60 anos, quando disputava o principal torneio da cidade.
Porém, dessa vez a causa da dor era outra: dois guris  invadiram sua casa num início de noite e, enquanto ele preparava o café, os vagabundos o derrubaram, roubaram dinheiro e o abandonaram com o braço quebrado e muita dor.
Victor mora sozinho. “Já estou acostumado com a solidão, conta ele. É assim há 30 anos.”
Mais uma semana e ele poderá voltar para casa. O lar para idosos em que ele está hospedado é agradável, mas nada como a casa da gente, afirmava Victor e eu concordava plenamente.

Bem. Na verdade, eu, o contador desta história, sou o próprio Victor. Tenho 89 anos e não 85 e adoro conversar com o Victor, aquele velhinho que, por mais que queira, não tem mais todas as forças físicas.
Eu sou o Victor – o Lúcido – apelido que ganhei do Victor. Sou aquele que pensa e que ama a vida. Aliás, pensar não dói nada. Acreditem!
Assim, eu o Victor aproveitamos nosso precioso tempo para contar histórias um para o outro e fazer planos. Muitos planos.

quarta-feira, março 10, 2010

SOBRE, EU NÃO ESCREVO.

Não gosto das crônicas que eu escrevo e que falam de mim e das minhas histórias; não gosto de escrever sobre  meus passados e nem sobre meus futuros;  não gosto de escrever sobre como escrever, sobre como dizer, sobre fórmulas de dizer e de escrever, e de estilos, e de como eu sou, e de como eu era, e de como eu fui ou de como serei.
Não gosto de quem escreve sobre como ele mesmo escreve.
Sobre, eu não escrevo

sábado, março 06, 2010

CROONER BY DIJEYLSON

Mania é a forma adiantada do hábito, ou ainda, é o estágio final de uma situação que começou com um simples hábito e chegou ao extremo quase doentio de uma mania. 
Mas, Dijeylson não via desta forma. 
O nome o incomodava, porém não tinha como deixar de se apresentar às pessoas, segundo ele justificava, falando essa aberração de nome como ele fazia questão de qualificar, e explicava culpando o pai pela infeliz ideia. 
Ele não era um cara velho, se é que as manias e os hábitos são coisas exclusivas dos velhos. Tinha 50 . 
Das manias que o tiravam do sério, duas eram as suas favoritas: ficar preso em engarrafamento e vocalista de banda cantado música com letra em inglês sem saber falar razoavelmente bem. 
Numa ocasião, Dijeylson, que era um notívago e apreciador de bons estilos, decidiu que iria, afinal, ao pub escolhido pelos parceiros de blues e jazz. 
O bar ficava na zona sul da cidade. 
Depois de encerrar suas atividades no escritório, arrumar a mesa de trabalho, esvaziar a lixeira - inclusive a do lavabo da recepção -, fechar janelas e portas e baforar o ambiente com o cheiro de ervas da natureza, ele seguiu para casa; a pé, evidentemente, pois, a fim de evitar o transtorno dos engarrafamentos da hora do pico, escolhera morar ao lado do prédio onde tinha o seu escritório. 
O apartamento ficava no sexto andar, longe dos ruídos do trânsito da avenida. Era pequeno e todas as janelas abriam ao  leste para melhor aproveitar a insolação. Ele não usava o elevador; ia de escada para exercitar os músculos e, na verdade, para evitar encontrar-se com aquela vizinha do sétimo andar. A mulher tinha dois filhos; a menor, criança de 6 meses, chorava sem parar e sem ter a devida atenção daquela “mocreia”, como ele alcunhara a vizinha do andar de cima. 
O horário previsto para a saída de casa era cronometrado. Como depois das oito da noite o trânsito tinha menor número de veículos, e como o trajeto até o pub deveria necessariamente passar pela rodovia que margeava a cidade, Dijeylson, pontualmente, acessou a estrada as oito e sete daquela quinta-feira. O plano era chegar em quinze minutos. 
Deu merda! 
Por causa de obras de pintura da pista, um enorme engarrafamento estava bem ali, a sua frente. Os carros passavam somente por uma das pistas que havia sido liberada. O sangue ferveu, o ânimo desceu e restava esperar a vez. 
Ele ficou explicando para si mesmo, em voz alta, como aquelas obras deveriam ser executas; definiu o melhor horário e falou mal de todos os ancestrais dos engenheiros, diretores e o raio que o-parta daquela empresa incompetente, não se esquecendo de fazer as piores avaliações aos políticos corruptos que liberaram as verbas mais as propinas que, certamente, estavam embutidas naqueles serviços de pintura. 
Passados 30 minutos naquele engarrafamento, Dijeylson conseguiu estacionar o carro próximo ao pub. Conversou com o segurança pedindo atenção especial, prometeu gorjeta e logo ele estava no palco.
Ele era o vocalista da banda que naquela noite faria o show.
O espetáculo transcorreu normalmente até o intervalo do primeiro bloco. 
Foi quando um dos assistentes se aproximou, identificou-se como Charles Fender, de Chicago, disse, falando em inglês, que morava no Brasil havia dois meses, que gostava de blues, que era professor de inglês e entregou um cartão de visitas, no qual  dizia ser ele professor especializado em aulas de conversação e dicção. 
“Nada pessoal”, justificou Charles, mas gostaria de colaborar, inclusive, sugerindo um nome artístico, pois “Dijeylson” soava muito mal.

quarta-feira, março 03, 2010

SHOW NO ESPAÇO CULTURAL VILLA D'ASSISI






A JAZZUEIRA - Jazz e Blues, fará show de estréia no Espaço Cultural e Restaurante VILLA D'ASSISI, em São Leopoldo no dia 4/03, às 21 h.

No repertório clássicos do jazz e do blues, bem como canções autorais.
Ouça algumas delas no: http://palcomp3.com.br/jazzueira
O release do grupo você poderá conhecer no texto publicado anteriormente neste blog sob o título: "NASCE A JAZZUEIRA".
Confira.

domingo, fevereiro 21, 2010

SOBRE O AQUECIMENTO GLOBAL


Vale conferir artigo publicado em um jornal de Novo Hamburgo, escrito pelo professor Eugenio Hackbart, sob o título “DESMASCARADOS”, onde ele aborda as fraudes  que estão espalhadas pelo mundo provocadas pelo oportunismo.
Como concordo com as explicações claras e científicas do professor sugiro que leiam sobre o assunto que ele vem defendendo há bastante tempo.
Infelizmente o Grupo Sinos, ao contrário de outros veículos de comunicação como a Zero Hora, Correio do Povo e várias empresas do centro do país e do mundo, somente permite acesso às matérias através da internet, mediante cadastro e um absurdo pagamento mensal que, até algum tempo atrás, era gratuito aos assinantes, como eu, do provedor de acesso daquela empresa.
Assim, sugiro que entrem em contato com a METSUL ( http://www.metsul.com/blog/ ) e solicitem diretamente ao professor Eugênio Hackbart o envio, via email, do citado artigo.

terça-feira, fevereiro 16, 2010

CARIOQUÊS


Republico crônica que  ixcrevi  por conta daquilo que ouvi  nessix  diaix  de carnaval durante  entrevistaix concedidaix  àix  televisõex  brasileiraix  por  alguinx  participantx  do  segundo  maió  evento de manifeixtação  cultural do Brasil.

Aqui vai:

CARIOQUÊS OU PORTUGUÊS

“O Português nosso de cada dia” é o título do texto escrito por Martinho da Vila editado no Jornal do Brasil em 27/9/07.

Lá pelas tantas ele diz acreditar que “todos gostam do jeito carioca de falar, quando não exageramos nas gírias”, e mais adiante ele defende uma tese afirmando acreditar que “chegará o dia em que todos falarão como nós”, referindo-se ao modo carioca de se expressar.

O sambista menospreza e despreza os sotaques regionais brasileiros ao considerar que, o “carioquês”, deverá ser o jeito brasileiro de falar.
Mas ele não está só, porque nas novelas, dublagens e narrativas que ouvimos na televisão, nada é feito para que os locutores, artistas e apresentadores falem da forma correta, ou seja, se expressem falando o Português.

Seria muito estranho ouvir, por exemplo, um apresentador de telejornal, que tivesse nascido em Bossoroca, no Rio Grande do Sul, noticiando a derrota do Flamengo, ou um locutor oriundo de Banabuiú, interior do Ceará, apresentando o Globo Repórter.
Da mesma forma soa curioso ouvir – para quem reside no interior do Amapá – Martinho da Vila concedendo entrevista ao Faustão, onde “s” vira “x”, “mais” é “mai” e “bons” é “boinx”.

Nos sotaques estão escondidas as raízes culturais de cada povo. Sem muito esforço podemos identificar qual a influência que os portugueses, holandeses, italianos ou uruguaios, exerceram no nosso povo.

Mas no fundo eu tenho que concordar com o sambista, porque pela quantidade de “carioquês” que nos empurram ouvido- a -baixo, corremos sério risco de adotar aquela chiadeira como o som da integração brasileira.


sábado, fevereiro 06, 2010

MELANCOLIA


...Naquela manhã Lawrence Dumont sentiu-se entristecido; a chuva e o vento frio levaram-no ao desconforto de espírito.

Quando esses momentos aconteciam seu comportamento se alternava entre a vontade de nada fazer e o desejo de se lamentar, de se culpar e de se cobrar por tudo e por nada.
Por vezes o coração batia descompassado.
Aproximando-se da janela olhou até onde a visão podia atingir. Ali permaneceu estático, quase sem piscar.
Por um instante viu-se às margens do English Channel, em Brighton, a esperar pelo pai que fora pescar. Então avistou com dificuldade o barco pesqueiro singrando as fortes ondas e, na proa, seu pai acenava com o lenço branco na mão direita erguida; não conseguia ouvir o que o homem falava por causa do vento que soprava, mas certamente demonstrava estar feliz.
A imagem que Lawrence formara era extremamente mística; não havia claridade, mas também não era noite e uma luz azulada muito intensa emoldurava aquele cenário misterioso como a aurora boreal...

quinta-feira, fevereiro 04, 2010

MOTEL 36


Motel 36   
Letra e música: Uncle George

Pra curar a dor
eu canto o blues que fiz pra você
Pra curar a dor
que você deixou quando o sol nasceu

Naquele quarto do Motel 36
a porta abriu, você entrou
Toda de branco e olhos cheios de luz
beijou meu rosto e se entregou


domingo, janeiro 31, 2010

EU LÁ

Eu lá, em pé, procurava abrir o zíper. No mictório, cascas de limão exalavam o odor que se misturava ao cheiro da urina respingada. 
Ouvi o barulho vindo da descarga de um dos vasos sanitários. Um homem abriu a porta. Não me olhou, não lavou as mãos e deixou o banheiro. 
Eu permaneceria ali mais um tempo tentado entender aquela situação e abrir o zíper. 
A porta daquele box de onde há pouco o homem saíra abria-se lentamente. Eu podia ver com o canto dos olhos. De lá saiu um garoto. Estava assustado. Espiava para os lados. 
Eu não podia virar meu rosto para fitá-lo. Não conseguia. Eu estava procurando me entender. 
Segui olhando para a parede em frente. O garoto balbuciou alguma coisa que eu não consegui entender. Veio em minha direção. Pediu ajuda. Disse que o homem o violentara e queria que eu visse as marcas roxas nos braços dele e que eu não contasse para ninguém. Ele estava envergonhado e se culpava por tudo. Não queria saber de polícia. 
Eu então entendi o que se passara e encontrei a resposta para a minha dúvida. 
Fiquei de frente para o garoto. Ele me olhou e veio ao meu encontro. Abracei-o. 
Lá fora, o homem já havia sido detido e, algemado, fora colocado dentro do camburão da polícia. 
Como uma policial competente eu desvendara aquele caso de estupros que vinham acontecendo há dois meses. 
Permaneci abraçando meu filho ali mesmo até que um policial chegou para nos acompanhar.

sexta-feira, janeiro 22, 2010

CONVERSA

Estás triste!
Saudade? Doença? Dinheiro?
A vida? A morte? A dor?
Se amor dá vida, vivo estás!
Basta.

domingo, janeiro 17, 2010

HUMANIDADE ANSIOSA

A evolução da humanidade se faz por conta da ansiedade. Tenho certeza disso.

Por isso morremos enfartados. Não sabemos dimensionar nossas necessidades mais primárias.
Basta ver como nos comportamos.

Se vamos a uma recepção nos preocupamos com os cartões de visita e os colocamos estrategicamente no bolso do paletó para que tão logo sejamos apresentados ao outro, o aperto de mãos seja seguido de um cartonasso recíproco. Tudo muito mecânico e contábil.
Rimos e demonstramos segurança e afabilidade. Sorrimos e nos fazemos de velho amigo.
Logo partimos à caça e procuramos outro possível “negócio”.
Somos abordados e abordamos porque ninguém deve perder tempo; ninguém deve ser notado encostado num canto conversando sobre qualquer coisa que não seja “negócio”.
Assim é o padrão de comportamento se quisermos ser reconhecido e aceito na tribo.

Se vamos ao teatro queremos o melhor lugar e corremos a fim de chegar antes à bilheteria.

Se estivermos no trânsito temos que ultrapassar, pois estaremos em vantagem. Afinal chegaremos dez minutos antes.

Vamos ao restaurante e lutamos por aquela mesa na janela.

Nosso carro deve ser do ano. É preciso, porque o cliente fará sua avaliação de zero a dez ao observar o carro, a roupa, o corte de cabelo, o relógio e modelo de nosso telefone celular.

Nós com mais de 50 temos a impertinência de nos acharmos um pouco acima das coisas, pois os tropeços e vitórias nos avalizam. Sempre dizemos isso. Nossos cabelos brancos impõem certo respeito. Mas nos deixam incomodados porque parecemos velhos e isso poderá atrapalhar em algum momento.

Na verdade o comportamento humano, ao longo da história, demonstra uma enorme ansiedade que é provocada por regras impostas por padrões de comportamento da tribo em que vivemos e pelas oportunidades que vislumbramos.

Não conseguimos nos enxergar igual ao outro e nos exigimos sermos superior, melhor e mais esperto.

Agora me dou conta.  Escrevi este texto porque me sentia ansioso e agora ficarei mais ansioso ainda aguardando por algum comentário no meu blog.

sábado, janeiro 16, 2010

MINHA MÃE


Perder minha mãe foi cruel!
O relógio marcava 20:38 de segunda, 22 de maio de 2009.
Ninguém me avisou. Era minha mãe! Eu senti!


Ela assobiava o dia inteiro desafiando o sabiá da pitangueira do quintal dos fundos.
Um dia ela me fez pegar o violão e tocar boleros, tangos e sambas que ela cantava com seu jeito emotivo.
Minha mãe me ensinou a respeitar o mar, os animais, a natureza, as pessoas...
Ela era só amor.

domingo, janeiro 10, 2010

INCLUSÃO SOCIAL

A expressão inclusão social, tão utilizada nos dias de hoje, deveria ser tratada com mais cuidado, pois corremos o risco de vê-la vulgarizada de tanto ser repetida. Tirante a verdadeira função de incluir ou dar oportunidade às pessoas excluídas dos processos sociais, como educação e saúde, por exemplo, devemos analisar também por outros ângulos, visto que, inserir socialmente é muito mais abrangente do que podemos imaginar.


NA POLÍTICA 
Poderíamos começar dizendo que a classe política brasileira deveria trabalhar pela própria inserção social, pois trabalham em causa própria. Basta ter acompanhado os nauseabundos atos corporativos ocorridos durante o ano legislativo e executivo, quando os maus representantes do povo saíram em defesa daqueles que não respeitam o cidadão brasileiro. A ética parece não fazer parte da formação daqueles políticos inescrupulosos.


NO FUTEBOL 
Há muito que o futebol deixou de ser o setor que mais trabalha na direção de trazer das camadas excluídas da fatia pobre da sociedade brasileira jovens miseráveis dando-lhes chances de se desenvolverem como seres humanos. Dirigentes imorais aproveitam-se da ingenuidade de atletas e torcedores. O que menos importa é a inclusão social. Empresários ávidos ganham muito dinheiro explorando famílias de meninos que mal dominam o próprio idioma, jogando-os como objetos nos clubes da Europa, sem se preocuparem com as consequências provocadas nos garotos pelo choque cultural. A imprensa esportiva por sua vez, arrogante e muito bem treinada para lucrar em cima do futebol, dedica horas opinando desde o esquema tático até o modo como os clubes deveriam administrar seus falidos cofres e, sem maiores preocupações, arriscam palpites o tempo todo.



NA RELIGIÃO 
Um grande negócio que gera lucros em cima da boa fé de pessoas incluídas e excluídas, principalmente dos pobres, carentes de educação e saúde. As igrejas “vendem” bilhetes sorteados para a inclusão, mas no reino dos céus. Normalmente é uma viagem sem volta, pois as pessoas se tornam radicais.


NA MÚSICA 
Ainda é a forma mais direta de inserção social. É popular por definição porque vem do povo e é feita para o povo. Por isso mesmo reflete o nível cultural. De baixa qualidade a música é disputada pelo mercado fonográfico porque é produto que vende em grande quantidade. A música ainda é o único canal de inclusão social apesar de estar alicerçada nos modismos criados pelos marqueteiros que trabalham para a indústria de discos. Os inseridos socialmente de hoje poderão não estar mais incluídos amanhã!


NA MÍDIA 
Formadora de opinião deveria fomentar a integração da população brasileira. Porém, a televisão como sendo a mais importante ferramenta da mídia, nos empurra padrões de comportamento, desprezando culturas muito mais ricas e sérias. Quando abordam temas relativos à inclusão social vem, novamente, o futebol como sendo a única porta de acesso a inserção social. Explora o negro como exemplo único de excluídos e tratam o índio e os brancos miseráveis com menos interesse.


NOS MAIS RICOS 
Países ricos e aqueles que são donos de enormes fortunas deveriam também inserir-se socialmente, criando e participando mais ativamente de programas de inclusão social, distribuindo um pouco daquilo que possuem a fim de proporcionar melhor qualidade de vida à parte da população miserável.


CLIENTELISMO 
Não haverá inserção social através de políticas clientelistas. Evidentemente que é salutar ver mais pessoas se alimentando. Melhor seria vê-las se alimentando e ocupando novos postos de trabalho e não sendo objeto de manobras ardilosas e populistas na busca de votos para as próximas eleições. Com trabalho seriam independentes. Mas será que independência interessa?