sexta-feira, junho 19, 2009

CARTA AO EDITOR



Brasília, 20 de junho de 2009.
Prezado senhor editor

Durante os anos de serviços trabalhando neste jornal como office boy, sendo eu encarregado de levar de um lado para o outro papéis, bilhetes e documentos, venho solicitar minha merecida e oportuna promoção.
Com a chegada da internet minha função passou a ser dispensável, tudo por culpa dos e-mails.
Sou office boy há 15 anos. Meus conhecimentos jornalísticos foram sendo aprimorados desde o dia em que me formei no curso que fiz na escola técnica da minha comunidade.
Recebi meu diploma com muito orgulho e, desde então, qualificado para tal função, trabalho no seu jornal com muito interesse.
Por causa de minha curiosidade acompanhei várias vezes o ato sublime do momento da criação pelos jornalistas desta casa que, no outro dia, veriam seus belos textos impressos nas colunas de crônicas e matérias do nosso jornal.
Observei, com muita atenção, editores e articulistas escrevendo nas antigas Olivettis, fato que me fez despertar para nova fase de minha qualificação. Passei a ler todo o jornal!
Cada crônica, cada linha, cada vírgula passou a ser motivo de minha total atenção.
Treinei em casa escrevendo matérias e artigos fictícios como se eu fosse entregá-los para sua revisão e posterior edição. Foi um período emocionante!
Assim, meu editor-chefe, sendo o senhor um dos mais brilhantes jornalistas, eu solicito minha promoção, passando eu a ser o mais novo e humilde jornalista deste veículo, já que, como provei acima, tenho todas as qualidades para exercer a função jornalística.
Adianto-lhe que já conversei com o jornalista responsável pelos artigos de culinária e moda que, prontamente, atestou minha experiência através das anotações que ele mesmo, de próprio punho, escreveu nas costas do meu diploma de office boy que anexo a esta carta.

Sem mais para o momento, subscrevo-me.

Atenciosamente,

Arigledson Faustin.

Office boy e Jornalista (com diploma!)