sábado, abril 19, 2008

CAMBURIU DOS VELHOS DE MARÇO

Nas tendas montadas à beira-mar, nos bancos espalhados pela calçada ao longo da orla e à sombra de árvores eu encontrei hoje, dezenas de idosos quando estive no Balneário Camburiu.
Brasileiro-gaúchos e argentinos, que identifiquei pelas enormes cuias ou pelas “cuiazinhas” pequenas típicas do “mate” dos “hermanos”, eles se acomodavam na areia de Camburiu; jogavam bocha, malha, dominó e conversa fora.
A idade daquela turma eu estimei acima dos sessenta; alguns perto dos oitenta e até mais.
Vi muita disposição, fato que me fez deduzir que aqueles velhos tinham plano de saúde e boas aposentadorias, ao contrário da maioria da população de idosos que, pelo menos no Brasil, morrem e mofam nas filas da previdência social com os bolsos vazios; ás vezes, com uns trocos para a passagem de volta para casa a fim de voltarem dali a dois ou três meses porque não havia mais ficha no posto.

Nas muitas cafeterias do calçadão, que ficam bem no centro, numa daquelas características ruazinhas transversais à Beira-Mar, mais velhinhos de março ocupavam as mesas bebendo café e conversando sobre futebol e doenças, temas preferidos dos idosos.

Nada de guardas vestidos de azul; nada de policiamento ostensivo; nada de flanelinhas e pedintes e nenhum, mas nenhum banheiro químico!
Como se “aliviam” depois de tanto mate, chimarrão e prováveis diuréticos por causa da pressão alta?
Fiquei sem resposta, mas acho que, pela proximidade da praia, os velhinhos se deslocam até os hotéis.

Nada de lixo acumulado!

E os carros? Estes param antes das faixas de segurança! Esperam pacientemente a lenta travessia dos velhinhos!
Será o tempo de Camburiu medido em uma escala que não conhecemos ou a educação dos motoristas foi despertada?
Será a passagem das horas para os velhinhos de Camburiu diferente da velocidade do resto do Planeta?

A Camburiu dos velhos de março não é o Brasil dos brasileiros e certamente não é a Argentina dos argentinos, mas um sonho de março.

segunda-feira, abril 07, 2008

OS PRAZERES...

Apesar de me sentir muito bem fazendo arquitetura de residências e edifícios, é não menos prazeroso poder sentar à varanda da casa de praia e ler bons livros.

Na minha bagagem eu coloquei dois livros: Psicanálise e Arte - A Busca do Latente, de Myrna Cicely Couto Giron e Histórias Dentro da História, de Sergio Faraco.
Tão importantes como os chinelos, bermudas e camisetas os dois volumes me seduzem durante períodos alternados de dias ora ensolarados, ora chuvosos.

Solitário, mas nem tanto, curto o prazer da leitura de histórias que falam sobre o alferes Tiradentes, o patrono. O militar, contraditoriamente, odiava seus companheiros de caserna; mesmo assim foi escolhido representante pelos próprios militares.
Leio também sobre as interpretações da Psicanálise que, mesmo não sendo uma ciência, tenta explicar com fatos as razões que formam o artista, quer seja um músico, escritor, pintor ou aqueles que se expressam esculpindo estátuas.

Falando em prazeres interrompo este texto, pois a cerveja já está gelada e os camarões prontos.

Até mais.

(Texto escrito durante as férias)

domingo, abril 06, 2008

BBB e o DOSSIÊ

O Brasil vai além da boa criatividade na forma que conhecemos. Somos únicos! Leonardo da Vinci teria inveja!
Acabou o BBB da Globo!; - para aqueles que investiram horas (que me desculpem pela opinião) no lazer televisivo mais improdutivo dos últimos anos, um novo reality show surge nas telas dos brasileiros.
Falo dos dossiês dos gastos do ex-presidente Fernando Henrique versus a rasgação da grana do governo do nosso presidente Lula que, aliás, atingiu os melhores e maiores índices de aceitação, segundo as últimas pesquisas.

A propósito: eu não fui entrevistado e também não conheço ninguém que tenha sido abordado por qualquer um dos órgãos de pesquisa.

O amadorismo da companheirada é de dar dó; - se bem que nem tanto se analisarmos o recente episódio da extinção da CPMF que acabou aumentando os impostos, mas que agora está sem controle da população, pois estão espalhados e diluídos por aí em vários impostos filhotes...

A ministra Dilma gaguejou tanto na entrevista dada ao Jornal Nacional que a explicação mereceria ser explicada, se é que tem explicação.

Horas e horas serão dedicadas à matéria; dengue, segurança, saúde, CPI's, educação, desvalorização do real e outros probleminhas tipicamente brasileiros ficarão para depois até que, novamente, dê em nada!

terça-feira, abril 01, 2008

BRASIL, BRASIL..

Depois de quase nove horas - deveriam ser sete horas - viajando por uma rodovia entupida de veículos finalmente cheguei ao destino. Saí de Novo Hamburgo rumo à Canto Grande, em Santa Catarina.
A BR 101 é indescritível! Fica evidente a falta de planejamento do governo federal que permitiu, irresponsavelmente, que o caos se instalasse.
Excesso de veículos - principalmente de caminhões - nos dá uma amostragem clara do resultado negativo da política absurda adotada há anos que escolheu as rodovias como a forma de distribuição de alimentos e de todo o tipo de mercadoria.
Pelo menos não vi nenhum acidente, se bem que alguns motoristas imprudentes fizessem o maior esforço para que alguém acabasse morrendo entre ferragens contorcidas, prova de que as campanhas contra os acidentes de trânsito não estão atingindo os objetivos desejados.

As estradas estão sucateadas e por elas transitam veículos cujos proprietários pagam impostos; o dinheiro é mal aplicado e desviado de seus objetivos e tudo com o endosso dos governos.

Quando a BR 101 for concluída certamente que já estará ultrapassada porque teremos mais veículos rodando e as políticas de distribuição de produtos ainda estarão defasadas continuando a priorizar o transporte através de caminhões.

Na verdade o poder de dependência imposto pela indústria de veículos pesados, pneus, peças, etc., é tão forte que não conseguiremos nos desfazer da subordinação instaurada.

Assim acontece nas cidades, pois o transporte coletivo de qualidade é deixado de lado pelas autoridades e pelos usuários fazendo a indústria automobilística cada vez mais presente jogando um número enorme de carros nas ruas subdmensionadas para um trânsito alucinante.

O canteiro de obras instalado ao longo da BR 101 também é detentor de outras péssimas referências que aparecem na desordem e na falta de sinalização adequada. As placas informando desvios e os perigos existentes são poucas ou não existem trazendo tensão ao motorista menos atento e experiente.

Desta forma seguimos atropelando a história desperdiçando oportunidades políticas e sociais sem falar no gasto irresponsável do dinheiro público.