sábado, janeiro 14, 2012

AS RELAÇÕES VIRTUAIS


Faço parte do grupo de indivíduos que ainda não aderiu ao 3G porque não acreditamos na qualidade do sinal. 
Aqui em Xangri-lá vamos até o shopping ligar nossos notes, nets, ipads, ipods, iphones, tablets e a parafernália digital-eletrônica que a todo o momento surge no mercado. 
Plugados, conversaremos com o mundo e ficaremos sabendo de tudo o que está acontecendo com os amigos dos amigos que são amigos daquele amigo que é amigo de amigos comuns. 
Enfim, o caminho para as relações é instantâneo, frio, cibernético. 
Não há possibilidade para um abraço, um beijo ou um toque de mãos, ou melhor, tudo isso acontece sim, mas de forma virtual, através de palavras abreviadas e símbolos que temos que assimilar.É um código novo, uma escrita grunge cheia de novidades, mas para mim, sem emoção. 
Acho que os visionários das máquinas, hardwares e softwares não tinham noção do poder de mudança de comportamento que suas invenções provocariam nas pessoas e nas relações humanas. 
Talvez, uma pesquisa mais aprofundada pudesse provar a tese que venho formulando, pois desconfio que os nerds fossem pessoas solitárias e distantes das emoções mais singelas, ou seja, aquelas que fazem parte do pacote que cada um de nós carrega desde o nascimento. 
Acho que eles não sentiam (e não sentem) amor e nem ódio e não tinham (e não têm) medo da morte. 
Para exemplificar, eu vi numa das tardes em que fui ao shopping aqui na praia, uma típica família que demonstrou claramente o nível das relações entre indivíduos na atualidade. 
O pai e a mãe, com não mais de 35 anos e a filha com 7 ou 8 anos, sentaram-se para aquilo que poderia ser uma agradável oportunidade para conversas e troca de experiências. 
Mas, o pai e a filha estavam concentrados nos seus respectivos celulares; teclavam sem parar e, por vezes sorriam, porém para o próprio aparelho; a mãe tinha um note aberto e, da mesma forma, teclava e balançava a cabeça parecendo estar se divertindo. 
Durante 15 ou 20 minutos em que eu pude observar, nenhum deles levantou os olhos ou disse alguma palavra para o outro. 
Para mim, uma cena hilária, pois aquilo era para ser uma família, pelo menos dentro dos meus conceitos, talvez ultrapassados para alguns. 
Desconfiado e procurando um consolo, pensei que eles poderiam estar, naquele momento, conversando entre si através de suas máquinas digitais, como se fosse um jogo ou um ritual entre membros de uma mesma família. 
Pensei, simplesmente pensei...