quinta-feira, novembro 18, 2010

NA ESTAÇÃO DE TRENS


Na sexta-feira, logo após o almoço, Karl Zander foi para a estação de trens.
O operador do telégrafo, um senhor calvo, baixo e gordo, confirmou que o trem  aguardado chegaria no horário previsto.
Zander consultou o relógio de bolso, herança que recebera de seu pai, e verificou que faltava menos de uma hora para o trem chegar.
         Naquela tarde, chuvisqueiro e neblina tomaram conta da cidade. A umidade do ar provocava certo desconforto. Era o inverno se manifestando.
Zander acomodou-se numa das mesas da casa de café e pediu um cortado duplo. Da mesa onde ele estava poderia observar a chegada da composição. Vez por outra tinha que passar o guardanapo no vidro para desembaçá-lo.
     
          “Karl olhava para fora através da janela que abria para o sul. Foi de lá que o trem partiu. Pequenas gotas se formavam e escorriam por causa da chuva que agora caia. Seu olhar foi se perdendo. Acompanhava as gotas escorrendo pelo vidro e, como num filme, viu sua mãe pregando um botão na camisa do pai. Ela parecia pensativa sentada ao lado do fogão aquecendo-se. Era hora do jantar. A mesa estava posta com seis pratos e talheres e o cheiro de carne assada e a fumaça do fogão a lenha estavam tão presentes que Zander sentiu um arrepio.
          - Muti? E o pai? Não vai chegar? - Karl viu-se menino conversando com sua mãe, enquanto brincava com um caminhão de madeira feito pelo avô."

          Karl foi tomado por forte nostalgia. Sentiu vontade de chorar. As lágrimas correram pelo rosto; deixou que escorressem até se esgotarem.