quarta-feira, janeiro 30, 2008

COM AS QUATRO PATAS


Fui a um cartório de registro de imóveis a fim de demonstrar que uma das exigências solicitadas pela titular na revisão da documentação que eu protocolara, além de não estar de acordo com as normas técnicas, também fora interpretada por ela de maneira equivocada e que, na análise elaborada, a titular utilizara critérios diferentes para a mesma situação.
A “titular”, como ela fez questão de salientar ao se dirigir a mim grosseiramente, não aceitou meus argumentos e sugeriu que, se eu não concordasse que eu fosse procurar o juiz. Virando-se e saindo, deixou-me no balcão de atendimento sem maiores explicações.
Depois fiquei sabendo através de outros profissionais que o comportamento da “titular” é sempre repleto de indelicadezas, aliás, comportamento costumeiro em outros cartórios.
O clima dentro da sala de trabalho ficou tenso por conta da voz alterada daquela senhora.
Havia um cheiro de burocracia no local - e no estado sólido, eu poderia afirmar!
As máquinas de escrever e os toques nos teclados dos computadores subitamente pararam e enormes livros com capa dura serviram como escudo para aqueles funcionários envergonhados – mais uma vez provavelmente naquele dia – por causa do comportamento daquela senhora com fixador nos cabelos, brincos enormes, batom vermelho e muito – mas demasiadamente mal-humorada.
Claro fica que a arrogância da senhora é totalmente incompatível com o cargo e a função que ela desempenha. Aliás, educação é obrigação de quem lida com o público.

Aprendi, por aí, que a ofensa só é completa se o ofendido aceitar a provocação. Não acolhi a afronta.
Por fim, fiz como todos fazem ao encaminhar processos naquele cartório, ou seja, tudo de acordo com a solicitação da titular, embora sabendo que ela estava errada.
Por que agi assim?
É porque, na próxima oportunidade, serei punido com retaliações e meus processos serão esquecidos em baixo de uma pilha de pastas; sei que se eu recorrer ao judiciário, o assunto ficará em baixo de outra pilha de processos e ainda correrei o risco de perder – não a ação movida, talvez – mas o meu cliente; enfim sei que os superprotegidos “titulares” de cartório não serão punidos. Eles não serão demitidos ou exonerados (sei eu qual o termo correto) por mau atendimento, arrogância, indelicadezas ou erros técnicos de avaliação.
E eles, os “titulares”, também sabem disso, por isso a prepotência se mostra tão evidente.

Por esta falta de iniciativa de enfrentar a situação é que a “titular” seguirá atendendo com as quatro patas.
É como o velho ditado: “manda quem pode e obedece quem precisa”.
Enquanto não reagirmos, a coisa permanecerá como já acontecia no tempo do império.

2 comentários:

  1. É vergonhosa, abusiva, enraivecedora a prepotência de servidores públicos perante aqueles que têm direitos de cidadão e garantem seus vencimentos. Jerônimo.

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  2. E nos cartórios parece ser pior ainda.
    Abraço.

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