terça-feira, outubro 30, 2007

COPA DO MUNDO E O "LUCRO SOCIAL"

Pois que a Copa de Mundo seria no Brasil eu não tinha dúvida.
A Colômbia retirou sua candidatura. Sobrou o Brasil.

Depois de um discurso cínico – como é próprio do presidente da FIFA – solenemente o Brasil foi anunciado para o mundo como sede da Copa de 2014. O homem disse que foi uma escolha muito difícil!
O nosso presidente fez uma arenga emocionante e garantiu a maior Copa de todos os tempos.

Confesso que me senti orgulhoso!
Depois caí num mar de dúvidas.
Será bom negócio para nós? Quanto nós gastaremos e quanto ganharemos? Não seria melhor aplicar o dinheiro para melhorar as coisas (que não são poucas) que não funcionam no Brasil?

Pois é!
Uns dizem que o resultado social será altamente positivo. Sim, mas serão construídas mais escolas e postos de saúde? Parece que não, mas os clubes e os governos estaduais – inclusive aqueles falidos - gastarão fortunas na melhoria da infra-estrutura dos seus estádios, transporte coletivo, iluminação pública que, depois da Copa, serão destruídas no primeiro GRE-NAL ou no segundo FLA-FLU.

Bem! Talvez os policiais recebam um bom treinamento a fim de poder responder, educadamente, às perguntas de um torcedor alemão, por exemplo, para poder explicar que aquele gurizinho ali é um flanelinha e aquele outro lá adiante é um cambista! Todos trabalhadores com emprego garantido até ali, quando a competição acabar.
Talvez com nossos policiais treinados, nós seremos tratados de outra forma.

Pois é! Mas eles receberão treinamento adequado?

Por exemplo: até hoje ninguém sabe quanto dinheiro o Brasil gastou e ganhou com o Pan. Já sabemos que algumas obras e serviços foram superfaturados. Mas por quem? Espero que na Copa de 2014 não aconteçam coisas como essas, ou até lá, os gatunos apareçam, ou melhor, desapareçam.

O governador do Rio – seguindo o caminho do nosso eufórico presidente – afirmou que fazer uma Copa do Mundo é muito mais fácil que organizar um Pan. No Pan tivemos cerca de 6.000 atletas num só lugar; na Copa serão, tão somente, 24 clubes espalhados pelos Estados da Federação. Barbada, não é mesmo?

Pois é!
Agora uma dúvida maior me atormenta. A Argentina nem se candidatou... Será que a balança deles, que mede os prós-e-contras, é melhor que a nossa? Estão muito mais pobres ou mais ricos que nós? E o Chile com a economia estável??...Eles não teriam capacidade para promover uma Copinha com 24 clubes?

Pois é!
Mas tenho uma certeza cruel. Durante os próximos sete anos a crônica esportiva terá muito assunto.
Escalarão jogadores e derrubarão técnicos e continuarão se achando os donos das verdades futebolísticas. Haja saco!

Até 2014 será só festa; depois espero festejar o proclamado “lucro social”, se o Brasil for campeão!

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