domingo, janeiro 10, 2010

INCLUSÃO SOCIAL

A expressão inclusão social, tão utilizada nos dias de hoje, deveria ser tratada com mais cuidado, pois corremos o risco de vê-la vulgarizada de tanto ser repetida. Tirante a verdadeira função de incluir ou dar oportunidade às pessoas excluídas dos processos sociais, como educação e saúde, por exemplo, devemos analisar também por outros ângulos, visto que, inserir socialmente é muito mais abrangente do que podemos imaginar.


NA POLÍTICA 
Poderíamos começar dizendo que a classe política brasileira deveria trabalhar pela própria inserção social, pois trabalham em causa própria. Basta ter acompanhado os nauseabundos atos corporativos ocorridos durante o ano legislativo e executivo, quando os maus representantes do povo saíram em defesa daqueles que não respeitam o cidadão brasileiro. A ética parece não fazer parte da formação daqueles políticos inescrupulosos.


NO FUTEBOL 
Há muito que o futebol deixou de ser o setor que mais trabalha na direção de trazer das camadas excluídas da fatia pobre da sociedade brasileira jovens miseráveis dando-lhes chances de se desenvolverem como seres humanos. Dirigentes imorais aproveitam-se da ingenuidade de atletas e torcedores. O que menos importa é a inclusão social. Empresários ávidos ganham muito dinheiro explorando famílias de meninos que mal dominam o próprio idioma, jogando-os como objetos nos clubes da Europa, sem se preocuparem com as consequências provocadas nos garotos pelo choque cultural. A imprensa esportiva por sua vez, arrogante e muito bem treinada para lucrar em cima do futebol, dedica horas opinando desde o esquema tático até o modo como os clubes deveriam administrar seus falidos cofres e, sem maiores preocupações, arriscam palpites o tempo todo.



NA RELIGIÃO 
Um grande negócio que gera lucros em cima da boa fé de pessoas incluídas e excluídas, principalmente dos pobres, carentes de educação e saúde. As igrejas “vendem” bilhetes sorteados para a inclusão, mas no reino dos céus. Normalmente é uma viagem sem volta, pois as pessoas se tornam radicais.


NA MÚSICA 
Ainda é a forma mais direta de inserção social. É popular por definição porque vem do povo e é feita para o povo. Por isso mesmo reflete o nível cultural. De baixa qualidade a música é disputada pelo mercado fonográfico porque é produto que vende em grande quantidade. A música ainda é o único canal de inclusão social apesar de estar alicerçada nos modismos criados pelos marqueteiros que trabalham para a indústria de discos. Os inseridos socialmente de hoje poderão não estar mais incluídos amanhã!


NA MÍDIA 
Formadora de opinião deveria fomentar a integração da população brasileira. Porém, a televisão como sendo a mais importante ferramenta da mídia, nos empurra padrões de comportamento, desprezando culturas muito mais ricas e sérias. Quando abordam temas relativos à inclusão social vem, novamente, o futebol como sendo a única porta de acesso a inserção social. Explora o negro como exemplo único de excluídos e tratam o índio e os brancos miseráveis com menos interesse.


NOS MAIS RICOS 
Países ricos e aqueles que são donos de enormes fortunas deveriam também inserir-se socialmente, criando e participando mais ativamente de programas de inclusão social, distribuindo um pouco daquilo que possuem a fim de proporcionar melhor qualidade de vida à parte da população miserável.


CLIENTELISMO 
Não haverá inserção social através de políticas clientelistas. Evidentemente que é salutar ver mais pessoas se alimentando. Melhor seria vê-las se alimentando e ocupando novos postos de trabalho e não sendo objeto de manobras ardilosas e populistas na busca de votos para as próximas eleições. Com trabalho seriam independentes. Mas será que independência interessa?


2 comentários:

  1. É bem complicado mesmo, George. Concordo que a música seja até o momento o meio de inclusão mais eficaz, justamente porque a maioria produz e ganha seu espaço, seja grande ou pequeno, e independente da qualidade do que produz. Parece ser um dos únicos meios que tem espaço para todos.

    Abraços

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  2. Olá, Jeferson.
    Pena que a boa musica como quase todas as formas de manifestação artística e cultural seja tão pouco valorizada no Brasil.
    Obrigado pela visita.
    Abraço

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