A
minha Feira do Livro aconteceria na Praça mesmo.
Sem
essa de mudar porque é verão, porque tem muita gente circulando e porque pisam
nos pés das pessoas; porque tem muitas escolas e suas crianças barulhentas;
porque não tem estacionamento, porque não tem praça de alimentação no centro do
espaço da Feira, porque se chove fica alagado, porque etc., etc. e etc.
Aqui
comigo: se eu pudesse faria algumas mudanças, mas o lugar da Feira é na Praça!
Primeiro
eu começaria a falar de livros em janeiro, exatamente no segundo dia do ano,
oito ou nove meses antes do acontecimento do evento literário.
Falamos
de futebol durante o ano todo! Por que não falar de livros por oito ou nove
meses?
O
futebol, paixão nacional, tem mais de cem anos, mas os livros têm quase a idade
da civilização; o futebol acrescentou quase nada; livros fizeram a evolução da
humanidade.
Eu
procuraria os jornais, rádios e emissoras de televisão e pediria que durante os
programas esportivos que, por sinal só tratam de futebol, fosse destinado um
pequeno espaço para que se falasse de livros e da Feira de outubro-novembro;
sugeriria que durante o noticiário que trata das corrupções dos nossos
políticos, dos assassinatos de pessoas comuns e das drogas, um pequeno espaço
tivesse que ser destinado ao livro; proporia que durante o horário político -
obrigatório, da mesma forma tivéssemos notícias sobre livros, autores e
eventos.
Em
segundo lugar eu proporia edições de livros especiais para a Feira.
Os
lançamentos deveriam ter preços especiais; as editoras, a partir do segundo dia
do ano divulgariam através das mídias as vantagens que os visitantes teriam na
compra de volumes na Feira de outubro-novembro.
Teríamos
pré-lançamentos em eventos mensais patrocinados por interessados em incentivar
a cultura. Algo como Bolsa-Livro ou Vale Livro-Familia poderiam fazer parte de programas
patrocinados pelos governos.
Em
terceiro lugar eu convenceria as grandes lojas que vendem livros em shoppings a
se instalarem na Praça. Poderiam trazer seus volumes, tapetes, ar condicionado
e seus seguranças de óculos escuro. Mas teriam que cumprir pequenas exigências
como oferta de livros mais baratos e ampla divulgação. As redes de livrarias
deveriam, necessariamente, começar a falar de livros no segundo dia do ano,
logo que a tabela do Gauchão, da Libertadores ou da Copa do Brasil viessem a
ser divulgadas, ao mesmo tempo em que os primeiros tiroteios nos morros do Rio
se apresentassem como a principal manchete dos noticiários.
Assim
seria a minha Feira.
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